“Família precisa aprender a proteger o coração”

Para o especialista, as pessoas devem ajudar umas às outras para evitar doenças cardíacas, que matam 380 mil por ano no País.

Apesar do avanço da medicina e do aumento de praticantes de atividades físicas, as doenças cardiovasculares, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, são ainda uma das principais causas de morte no mundo.
Só em 2018, segundo dados da Estatística da SaúdeMundial, foram quase 18 milhões de óbitos. No Brasil, segundo o cardiomêtro, indicador do número de mortes por doenças cardiovasculares, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, o número de mortes por ano é superior a 380 mil, e já causam o dobro de mortes do que os diversos tipos de cânceres juntos.
Médicos da área estão preocupados com esses dados. É o que afirma o cardiologista e diretor médico da empresa farmacêutica Servier do Brasil, Abraham Epelman.
“Infelizmente o número de pacientes que morrem por doenças cardiovasculares só tem aumentado”, disse o cardiologista.
Abraham também ressaltou que as famílias deveriam se atentar para alimentação e atividades físicas.
“As famílias precisam aprender a proteger o coração de doenças. Uma alimentação saudável e a prática de exercícios ajudam a prevenir doenças cardiovasculares.”

“O problema cardíaco não é brincadeira. O brasileiro acha que a doença cardiovascular pode não acontecer com ele e por isso não se cuida “

A TRIBUNA – Por que as mortes por doenças cardiovasculares têm aumentado?

ABRAHAM EPELMAN –Apesar do avanço da medicina, esses números só aumentam devido à falta de cuidados que os brasileiros têm tido com a saúde. Não há um cuidado com os fatores de risco que podem levar a um infarto, por exemplo.

> Quais os principais cuidados que se deve ter para evitar problemas cardíacos?

A alimentação e os exercícios físicos são fundamentais para evitar problemas cardíacos. Não adianta comer bem e malhar se a pessoa fuma. O excesso de trabalho também pode levar ao estresse, que afeta o coração e isso tem atingido cada vez mais os jovens.

“É um número muito grande de pacientes cardiopatas. Se excluirmos as mortes violentas, as doenças cardíacas matam mais que muitas doenças “

Digo que as famílias precisam aprender a proteger o coração de doenças, e ir além, participar. Se há um paciente que precisa de uma comida mais saudável, com menos sal, a família pode ajudar na hora de cozinhar o alimento e incentivar também a prática de exercícios físicos. Se a família inteira seguir esse ritmo, será melhor para o paciente.

> Mas as pessoas não estão mais saudáveis?

Hoje tem sido muito falado sobre exercícios físicos e alimentação, mas as pessoas pouco praticam porque não estão atentas aos números de mortes causados por doenças cardiovasculares. O fato é que os números e as estatísticas mostram que as doenças cardiovasculares são um grave problema de saúde pública, com elevadas taxas de mortalidade, de hospitalizações e de reintegrações, e que mata mais que muitas doenças.

> E quais são os sintomas das doenças do coração?

Os sintomas são muitos variáveis. O coração dá sinais que às vezes a pessoa não entende. Dependendo pode ocorrer uma dor que pode ir para os braços ou uma dor de cabeça. Na dúvida, o melhor é ir para um pronto-socorro e sempre se consulte com um cardiologista.

> Como as pessoas podem estar alertas a esses problemas?

O segredo é sempre a prevenção, e muitas vezes falta informação. Acontece que as pessoas ao irem ao médico recebem uma comunicação específica e técnica, ou tem uma consulta mais rápida e os pacientes não compreendem o que as doenças cardíacas podem causar.

> E há algo que possa ser feito para que as pessoas tenham acesso a mais informações?

Há disponível uma plataforma chamada de “Histórias do Coração ”, em que traz uma visão das doenças cardiovasculares a partir da experiência dos pacientes, que ficaram doentes e se recuperaram. Nela, os pacientes do Brasil inteiro, orientados por seus cardiologistas, contam suas histórias que podem servir como alerta para quem está com o mesmo sintoma. Fica mais fácil de a pessoa identificar um sintoma semelhante, a partir da experiência de outra pessoa, e assim procurar o cardiologista.

“Se um paciente precisa de uma comida mais saudável, com menos sal, a família pode ajudar na hora de cozinhar o alimento “