• No Brasil, mais de 50 milhões de adultos são afetados pela doença.
  • Hoje, 70% dos pacientes não conseguem manter a pressão arterial controlada.
  • A hipertensão e suas complicações geram um custo de 3 bilhões de reais ao sistema de saúde brasileiro.
  • Metade das pessoas com pressão arterial elevada desconhece o problema.
  • Entre 1990 e 2019 o número de pessoas com hipertensão no mundo subiu de 650 milhões para 1,3 bilhão.

A Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) lança nesta quinta-feira, 25 de julho, o projeto “Aliança Onda: Menos Pressão, Mais Ação!”, durante o XXXII Congresso da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), em São Paulo. A iniciativa tem como meta ambiciosa controlar a hipertensão arterial em 70% dos pacientes brasileiros até 2030.

A hipertensão arterial, conhecida como a “doença silenciosa”1, afeta não só o coração, mas também cérebro, rins e vasos, sendo um fator de risco importante para doenças cardiovasculares, como doença coronária, insuficiência cardíaca, fibrilação atrial, acidente vascular cerebral (AVC), doença renal crônica e morte súbita2. No Brasil, estima-se que mais de 50 milhões de adultos sejam impactados pela doença, e cerca de 70% desses pacientes não conseguem manter a pressão arterial controlada3.

Em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas com hipertensão (pressão arterial de 140/90 mmHg ou mais, ou que tomam medicamentos para controle) dobrou entre 1990 e 2019, passando de 650 milhões para 1,3 bilhão1.

O objetivo da Aliança Onda é alinhar esforços de diversos setores para alcançar um controle efetivo da hipertensão arterial em 70% dos pacientes até 2030. Conforme o cardiologista Luiz Bortolotto, professor de cardiologia da Faculdade de Medicina da USP, membro da diretoria da SBH e presidente do Congresso, hoje vivemos no país um panorama oposto. “No melhor cenário, temos 30% dos pacientes com hipertensão com a pressão dentro das metas, e 70% sem controle, seja por não seguirem o tratamento indicado de forma correta, não tomarem a medicação ou por não mudarem os hábitos de vida”, destaca.

Bortolotto ressalta ainda que o principal desafio da hipertensão, assim como de outras doenças crônicas não transmissíveis, é conscientizar o paciente de que ele precisa seguir o tratamento por toda a vida. “Muitas vezes, a pessoa não enxerga o resultado do tratamento de forma clara. Por ser uma doença silenciosa, não necessariamente teremos redução de sintomas. Então, é comum que o paciente interrompa o tratamento por conta própria quando percebe que a pressão arterial está controlada, o que é um erro”, descreve.

De acordo com a OMS, se os países se mobilizarem para atingir o controle em 50% dos pacientes hipertensos até 2050, um total de 76 milhões de mortes poderiam ser evitadas globalmente1. A meta da SBH, mais ambiciosa, visa uma mudança significativa na saúde pública brasileira em um prazo mais curto. “Hoje, cerca de 80% dos pacientes em diálise na fila de transplante renal estão nesta situação por conta de duas doenças crônicas tratáveis: hipertensão e diabetes. Infelizmente, em geral, a pessoa só se dá conta da gravidade do problema se passar por situações extremas como essa”, conta.

Essa realidade se torna ainda mais preocupante quando dados mostram que mais de 50% das pessoas com pressão arterial elevada não foram diagnosticadas, ou seja, desconhecem o problema1. Atualmente, as diretrizes brasileiras de hipertensão indicam que a aferição da pressão arterial deve ser realizada em toda avaliação clínica a partir dos três anos de idade, e repetida anualmente a partir desta idade2.

Para Bortolotto, a Aliança Onda é uma resposta estratégica e necessária. “Nossa meta é ambiciosa, mas acreditamos que com o esforço conjunto, podemos alcançá-la”, afirma. Os principais desafios, além de conseguir identificar a doença, segundo o cardiologista, incluem falta de informações sobre a enfermidade, dificuldades no acesso a medicamentos e a baixa adesão ao tratamento – 8 em cada 10 portadores de pressão arterial não controlada não aderem adequadamente ao tratamento4.

Entre as estratégias propostas pela Aliança Onda estão a mudança de estilo de vida, o incentivo à alimentação saudável com baixo teor de sal, à prática regular de atividade física (pelo menos 150 minutos por semana), ao controle de peso (manutenção do IMC até 25kg/m2) e a parar de fumar. Para alcançar tal meta, o projeto aliará diversos setores, unindo iniciativas públicas e parceiros da iniciativa privada. As empresas Cellera, Elfie, Medlevensohn, Prefeitura Municipal de Águas de Lindóia (SP) e Servier do Brasil foram as primeiras a aderirem ao movimento, que continua aberto a novos parceiros.

A iniciativa também incentivará a utilização de ferramentas digitais para aumentar o engajamento do paciente no tratamento, o que engloba lembretes para o uso contínuo e correto de medicamentos prescritos e para o automonitoramento da pressão arterial, além de estratégias de gamificação. “Precisamos educar e apoiar nossos pacientes para que eles entendam a importância da adesão ao tratamento e da mudança de hábitos de vida. A hipertensão é controlável, e queremos capacitar os pacientes a tomar as rédeas de sua própria saúde,” ressalta Bortolotto.

Segundo a SBH, o controle efetivo da hipertensão pode reduzir significativamente a incidência de doenças cardiovasculares, que são a principal causa de morte no país e no mundo. Em 2022, essas enfermidades foram responsáveis por 400 mil óbitos no Brasil5. Além disso, a hipertensão e suas complicações geraram um custo de 3 bilhões de reais ao sistema de saúde brasileiro (SUS) em 2015678. “Através da Aliança Onda, estamos implementando uma abordagem multifacetada que combina educação, tecnologia e mudanças de estilo de vida para alcançar nosso objetivo de controlar a hipertensão em 70% dos pacientes até 2030,” conclui Bortolotto.

 

Para mais informações sobre a “Aliança Onda: Menos Pressão, Mais Ação!” e outras iniciativas da Sociedade Brasileira de Hipertensão, visite o site da SBH e acesse a landing page da campanha.


SOBRE A SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO

A SBH é uma organização dedicada à pesquisa, educação e prevenção da hipertensão arterial e suas complicações. Através de campanhas como a Aliança Onda, a SBH busca melhorar a saúde cardiovascular da população brasileira e reduzir a carga das doenças cardiovasculares no país.

 

  1.  Who; Global report on hypertension: the race against a silent killer.2023
  2. Sociedade Brasileira de Cardiologia. BARROSOat al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, [S.L.], v. 116, n. 3, p. 516-658, mar. 2021.
  3. SBC – SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SBD – SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES; SBH – SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. ArqBrasCardiol. 2020;114(1):1-83.
  4. AbegazTM, et al. Nonadherence to antihypertensive drugs: A systematic review and meta-analysis. Medicine (Baltimore). 2017 Jan;96(4):e5641.
  5. Carga Global de Doenças, ou Global BurdenofDiseases (GBD). Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/cerca-de-400-mil-pessoas-morreram-em-2022-no-brasil-por-problemas-cardiovasculares/#:~:text=IN%C3%8DCIO-%20,Cerca%20de%20400%20mil%20pessoas%20morreram%20em%202022%20no%20Brasil,causa%20de%20morte%2%200no%20Brasil.
  6. Christensen MC, et al. Acute treatment costs of stroke in Brazil. Neuroepidemiology. 2009;32(2):142-149;
  7. Teich V, et al. Estimativa de custo da Síndrome Coronariana Aguda no Brasil. Revista Bras Cardiol. 2011:24(2):85- 94;
  8. Alcalde PR, et al. Expenses of the Brazilian Public Healthcare System with chronic kidney disease. J BrasNefrol. 2018;40(2):122-129.